Pe. Oswaldo Casellato – Cadeira nº. 39

Pe. Osvaldo Casellato nasceu em Jundiaí-SP, no dia 01 de janeiro de 1911. Era Filho de Enério Casellato e Dozolina Guirardello Casellato. Entrou para o seminário dos Estigmatinos em Rio Claro-SP, em 1926. Iniciou o noviciado na Congregação Estigmatina em Rio Claro aos 14 de setembro de 1929. Professou em Rio Claro-SP, aos 15 de setembro de 1030. Profissão Perpétua em Verona aos 15 de setembro de 1933. Foi Ordenado Sacerdote em Campinas aos 29 de dezembro de 1935. Nasceu de família pobre, como ele mesmo o atestava quando dizia que em sua casa com um litro de leite era feita a refeição matinal para dez pessoas, que formavam sua família. Ele também dizia, em criança, reclamando consigo mesmo: “Por que será que Deus me fez nascer de um pai alfaiate e não de um dono de confeitaria, como meu amigo vizinho, porque assim eu teria doce à vontade?”

Desde pequeno manifestaram-se nele duas qualidades valiosas: o tino de decidir problemas difíceis, o que lhe dava a condição de líder entre seus companheiros de infância; e também um espírito de solidariedade e justiça. Assim é que entre seus colegas de infância e adolescência, ocupava a posição de “chefe” de uma espécie de “gang”. Em certa ocasião em que seus companheiros tencionavam amarrar, no trilho do trem de ferro, um obstáculo que faria o comboio descarrilar, ele se opôs terminantemente, pois previa o grande perigo de um pavoroso desastre para os passageiros.

O senso de solidariedade e justiça ele o comprovou em sua longa existência, tomando sempre o partido de colegas que fossem tratados com injustiça, a ponto de protestar, junto aos superiores, quando o exigisse o caso. Tinha o dom de entrever, nos casos cotidianos, o ponto obscuro ou errado e dar-lhe a solução exata. Essa qualidade incutia nas pessoas confiança e fazia com que se sentissem seguras a seu lado.

Além disso, preciosos dotes em Padre Osvaldo, todos lhe reconheciam a tranquilidade de espírito e o tino de iniciativa. Haja vista a obra monumental que realizou na cidade de Morrinhos-GO, edificando o Ginásio “Senador Hermenegildo de Moraes” (1937), num tempo extremamente difícil. Na execução de tal obra, inovou o costume, )á vigente, de construir as casas apoiadas em suportes de madeira, substituindo-os pelo concreto armado.

Sobressai, ainda, na vida deste sacerdote educado e zeloso, o dom de fazer amigos; entre outras razões, porque sabia de mestre igualar-se com seus interlocutores, até mesmo no seu linguajar.

O desaparecimento deste saudoso confrade, nós o lastimamos porque, com ele, desaparece um manancial precioso dos costumes e episódios anedóticos, e, pode-se até dizer, de assuntos que reproduzem uma parte da história do sul do Estado de Goiás. Infelizmente, ninguém conseguiu convencê-lo a reproduzir por escrito inúmeras cenas realmente folclóricas, vividas em sua longa permanência em terras goianas e diuturna convivência com a classe mais simples e popular daquela sociedade. Desta forma, ficamos privados de tantos fatos que falariam alto do heroico viver dos primeiros estigmatinos no Centro-Oeste do Brasil.

Falar das atividades ministeriais de Padre Osvaldo é relembrar os quase trinta anos despendidos, em Morrinhos, com zelo e dedicação, na assistência religiosa da disseminada comunidade católica, nas vastas regiões que compunham a paróquia a que estavam designados os padres estigmatinos, paróquia tão vasta quanto uma diocese de grande porte. E, por estradas, que a muito custo poderiam merecer o nome de estradas, devido a seu estado precário de conservação. Além do mais, as localidades por onde deviam transitar os sacerdotes, eram desertas com pouco movimento de passantes, como aquela em que, um dia, o nosso padre teve que interromper viagem, devido a avarias na condução, e, um dos moradores do lugar o animava dizendo: “Não precisa recear e ficar preocupado porque aqui não passam três dias sem que apareça uma condução!!!"

Padre Osvaldo, é preciso que se saiba, além dessa árdua tarefa, acumulava o cargo de Diretor do Ginásio e responsável pela manutenção de todo o pessoal que aí trabalhava.

A respeito de sua vida de oração e piedade, bem como do seu amor extremado à sua vocação religiosa, restringindo-nos aos anos em que convivemos com ele. Era pessoa de mente aberta, despido de qualquer ímpeto de pietismo, mantendo um meio termo entre o rigorismo e o laxismo. Pontual sempre ao essencial da vida de fé e oração, nunca se apegou a práticas exóticas de piedade. Em sua caminhada sacerdotal, aconteceu um fenômeno que a todos nos deixou impressionados. Quando padre novo foi sempre tido como pessoa liberal e avançado na modernização; mas, a partir do Concílio Vaticano II, notou-se, em seu procedimento, um acentuado pendor ao tradicional da vida com evidente reprovação de qualquer inovação litúrgica.

Nos últimos anos de vida, deste nosso confrade, acentuou-se nele uma falta de entusiasmo e indecisão evidente em tudo que se lhe propusesse.

Sofreu sua enfermidade conformadamente, conservando sempre uma total serenidade ante o seu depauperamento físico.

Seus últimos dias foram assinalados por uma prolongada agonia, permanecendo praticamente em coma durante quarenta dias, com o desenlace final ocorrido no dia 19 de fevereiro de 1999. Padre Osvaldo contava 88 anos de idade.

Assim se encerrou a primeira leva de padres estigmatinos brasileiros.

Padre Osvaldo nasceu pobre, viveu pobre e morreu pobre.