José Afonso Barbosa – Cadeira nº. 14
José Afonso Barbosa nasceu aos 3 de outubro de 1949, na fazenda do Gongo, no município de Morrinhos, Estado de Goiás. Seu pai, Gerson Ferreira Barbosa (13/01/1929-06/01/2004), natural da fazenda do Barreiro, no município de Morrinhos, era vaqueiro e agricultor. Neto, pelo lado paterno, de migrantes mineiros, de Delfinópolis, antigo Espírito Santo da Forquilha, no pé da serra da Canastra. Seus avôs, Lourenço Afonso e Laura Barbosa Afonso eram netos de portugueses. Pelo lado materno, Gerson era neto de Beraldino Inocêncio de Oliveira e Maximiana Maria de Jesus. Ele, natural da região de Uberlândia. Ela, da região de Patrocínio pertencente à família São José. A mãe, Maria Marques Palmeira, nascida a 1º de setembro de 1930, na fazenda Santa Rosa, agricultora, fiandeira, costureira e tecedeira, era bisneta, pelo lado paterno, de Francisco Gonçalves da Silva e Marcelina Romualda de Jesus, da região de Patrocínio, Minas Gerais. Pelo lado materno, de Felisberto Luiz do Amaral e Cândida Carolina de Paiva, latifundiários no município de Patrocínio, Minas Gerais, no último cinquentenário do século XIX. José Afonso Barbosa viveu na zona rural até os dezesseis anos de idade. Sempre de fazenda em fazenda, de município em município. Cumpriu todas as tarefas que cabe ao homem do campo.
Aos sete anos de idade já era candeeiro de carro de boi. E já acompanhava o pai no transporte de gado nas estradas boiadeiras. Andava o dia todo no lombo de burro e muitas vezes dormiam, ele e o pai, nos cercados que havia na beira das estradas, sob o peso da fome e o frio, sobre enxergas e baixeiros, fedendo a suor de cavalo e urina de vaca, com o corpo todo alquebrado, principalmente a bunda e as barrigas das pernas. Aprendeu as primeiras letras do alfabeto aos quinze anos de idade na zona rural. Aos dezesseis mudou-se para a cidade de Morrinhos. Fez o primeiro ano do ensino primário para adultos em 1967, no Colégio das Irmãs Agostinianas, à noite, ele e o irmão João Afonso Barbosa. Há um episódio interessante: ele e o irmão iam à escola usando botinas amarelas e a vestimenta, calça e camisa eram feitas em tecido de chita, de tom sobre tom, nas cores marrons, onde sobressaia o marrom escuro. Isso todos os dias. A roupa só era usada para ir à escola. Roupas que sua mãe, dona Zica fazia com cuidado e esmero. Isso era motivo de chacota para os alunos, que ficavam abusando dos “caipiras”. Certo dia a professora Irene Najar anunciou à classe que a partir de tal data, os alunos teriam que ir de uniformes, uma nova exigência da diretoria. Uma colega que sentava ao lado de João Afonso Barbosa lhe disse: — vocês não precisam de uniformes. Vocês já vêm uniformizados todos os dias, né? E caiu na gargalhada. No que foi seguida por vários alunos. A professora os repreendeu. Um ano antes, quando eles moravam ainda no entorno do povoado do Rancho Alegre, geralmente eles vinham cantar de dupla no programa de auditório aos domingos do famoso locutor Chico Flor, na Rádio Morrinhos AM, e no trajeto da rodoviária até o prédio da Rádio passando pela Rua Barão do Rio Branco, onde havia vários bares, sendo o principal deles o Bar Presidente, o povo quase os matava de tanta galhofa: — Lá vão os chapéus atolados! — Ei, vocês vão cantar na Rádio Entupida de Morrinhos? E riam escancaradamente.
Essa brincadeira de jogar boi n’água os deixava vermelhos de vergonha. Mas, enfim, a vida corria seu curso normal. Nada como um dia atrás do outro... Estudou o terceiro ano primário na Escola Estadual Mariquita Costa. O quarto ano, inconcluso, no Colégio Coronel Pedro Nunes da Silva, com a professora Vasthi Elias. Foi boia fria, calçador de rua, vigilante bancário, comerciante no ramo de armarinhos, fazendeiro, vendedor, representante comercial, e funcionário público municipal. Exerceu vários cargos de confiança nos governos de Joaquim Guilherme Barbosa de Souza e Rogério Carlos Troncoso Chaves. Sempre na área cultural. “Procurei alcançar a grandeza da alma. Não me contentei com a mediocridade sugerida pelo destino. Determinado, domei o animal xucro que vivia dentro de mim. Lutei incansavelmente para atingir minha meta. Não foi fácil vencer as trevas da ignorância. Só com muito esforço consegui vislumbrar a sabedoria. Contudo, ela parecia inatingível. Mas não esmoreci. Busquei-à noite e dia. Foi dura a queda de braços. A sorte parecia desprezar-me, rir da minha cara.
Mas não me dei por vencido. Esforcei-me mais ainda, desesperadamente. Devorei uma montanha de livros. Alumiei, com a lanterna da alma, as curvas do destino. Hoje, como em noite de lua clara, navego no oceano do saber, maravilhado com a informação que brota de cada letra, de cada palavra, de cada frase, de cada verso, de cada livro...” Formado em história, pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) turma 2003-2006. Já publicou vários livros, Corcel do Tempo, editora do CERNE, poesia (1982). Amor Eterno, editora KELPS, poesia (1995). Lua Azul, editora KELPS, poesia (1996). Nostalgia, editora KELPS, poesia (1998). Passeio no Parque, editora KELPS, fábula infantil (2001). O Milagre da Oração, editora KELPS, Autoajuda (2002). Triângulo da História, editora KELPS, História de Morrinhos e região (2011). Dilúvio, Poesia. EDITORA KELPS (2012). Rancho Fundo, Romance. EDITORA KELPS (2014). É membro da UBE-GO. Membro fundador da Academia Morrinhense de Letras e seu primeiro presidente (2004-2007). (2007-2009). Detentor da Comenda Antônio Corrêa Bueno/2008. “Embaixador Cultural da Cidade de Morrinhos”, decreto municipal nº 1133, de 16 de dezembro de 2011. Atualmente se dedica mais à pesquisa Histórica.