Paulo Tárcio Martins – Cadeira nº. 22

Paulo Tárcio Martins nasceu em 18/02/1954 em Goiatuba – Goiás. Aqui cabe um adendo, a título explicativo ou elucidativo, porque, na verdade eu nasci no município de Morrinhos – GO, mas como a fazenda do meu avô, onde nasci, abrangia os dois municípios e o de Goiatuba tinha melhor acesso e menos distância, fui registrado como sendo goiatubense – o que também me honra muito, pois foi neste município que passei toda a minha infância – mas tudo isso foi corrigido com um título de cidadão morrinhense que me foi concedido pela Câmara dos Vereadores de Morrinhos, que também me dá muito orgulho.

Filho de pais pobres e militantes na agricultura familiar da época, iniciei meus estudos aos 09 anos em escola improvisada na própria fazenda, com aulas administradas por uma tia que, por iniciativa própria, quis nos ensinar as primeiras letras e os primeiros algarismos. Depois de um certo tempo, fui matriculado na rede de ensino oficial aonde ia da fazenda à cidade em uma bicicleta, carregando a minha irmã que também já tinha idade escolar. Algum tempo depois, nos mudamos para Goiatuba e aí ficou um pouco mais fácil para estudarmos. Mas, deixemos de lado estes pormenores atribulados de minha infância e vamos direto para o setor literário, que é o fato que interessa a esta publicação, senão vejamos: desde a época de adolescente, eu já gostava de escrever, de registrar fatos e sempre tive uma certa facilidade para descrever ou mesmo “inventar coisas” surgidas na minha mente. Nos meus cadernos escolares sempre tinha citações de famosos, poesias de toda sorte e até escritos meus misturados a aqueles que eu achava e ainda acho muito bonitos. Tive uma influência muito grande nos livros de cordéis que a minha mãe lia para o meu pai (sou apaixonado por rimas de toda espécie) e também pelas fotonovelas- quase sempre falando de amor – que também eram lidas para o meu pai e eu ficava escutando. Depois que aprendi a ler, eu mesmo lia e relia tudo isso e ficava deslumbrado pela capacidade do autor escrever tudo aquilo, mesmo com minha mãe dizendo que aquilo podia não ser verdade.

Sempre gostei de ler gibis, revistas, livros de toda qualidade eu lia sem distinção e, para cada situação ou momento da leitura eu fazia anotações, criava alguma coisa a respeito dos fatos e dos relatos do episódio lido e isso influenciou muito para o meu desenvolvimento literário que hoje uso com um pouco mais de intensidade. As minhas primeiras anotações ou até criações - eu não as mostrava para ninguém – se perderam junto com o tempo, com os velhos cadernos e até de minha memória mas, me lembro da primeira criação minha que foi lida por terceiros, (uma colega de aula pegou meu caderno sem a minha autorização e leu em classe o que eu tinha escrito e aquilo me marcou profundamente, tanto pelo temor de ser ridicularizado e também pela repercussão entre os meus colegas , que foi um sucesso!).

Mas se poderia perguntar: e as redações e dissertações que apresentávamos em classe? Vocês podem não acreditar, mas eu não caprichava nelas e até negligenciava para ser apenas mais um aluno igual a todos, desenvolvendo somente aquilo que o (a) professor (a) pedia, em um linguajar semelhante aos demais. O título desta primeira “obra” minha foi: Os Extremos da Vida, que relatava as duas pontas de uma existência terrena, tais como: a riqueza e a pobreza, a alegria e a tristeza, o alto e o baixo, o inteligente e o ignorante, a saúde e a doença, a infância e a velhice, o nascimento e a morte e por aí vai. Até bem pouco tempo, eu a tinha guardado mas não consegui encontrá-la para aqui ser publicada e eu tenho um grande defeito: não guardo na memória nenhuma das minhas coisas escritas mas, um dia, vou tentar reproduzi-la.

Quanto à Academia Morrinhense de Letras, sou um de seus fundadores e ocupo a cadeira de nº 22, cujo patrono é João Lopes Zedes, personagem ilustre de nossa Morrinhos. (ver biografia). Fico deveras orgulhoso quando termino um artigo, uma poesia para algum jornal e assino como membro da AML. Para mim é uma satisfação e até uma forma de realização pessoal , parecendo que estou provando para aquele adolescente de naturalidade Goiatubense/Morrinhense que era uma bobagem não permitir que os outros lessem o que escrevia.